sexta-feira, outubro 31, 2008

Cittadella, Marostica e Bassano del Grappa



No passado domingo visitei estas três cidades. São três cidades pequenas mas muito bonitas, consideradas como “pequenas cidades” de Veneto. Através das fotografias pode-se ver que uma das cidades, a Cittadella, tem um forte. O mais engraçado é que tem 4 portas e cada uma delas indica a direcção de Veneza, Bassano del Grappa, Padova e de outra que não me lembro. É sempre bom visitar sítios novos.
Em Pádua os universitários andam revoltados com algumas alterações que estão prestes a acontecer. Tem havido muitas manifestações e os professores é que incentivam os alunos a fazerem e perdem mesmo algum tempo da aula a explicar a situação. Pelo que percebi, querem diminuir o número de professores nas escolas e assim diminuir o financiamento das escolas em geral. Como o meu professor diz, cheguei na altura mais complicada de Itália. Mas já reparei que os italianos não são muito de ficar parados, quando não gostam de alguma coisa, todo o país se move e acho que fazem muito bem. Por isso, nestes dias só se ouve falar disto e há cartazes por todo o lado. Não fui a nenhuma manifestação porque ainda não sei falar bem italiano para andar por lá a gritar qualquer coisa que não percebo o que quer dizer.

Ciao e baci

sexta-feira, outubro 24, 2008

Aulas de italiano


Finalmente começaram as aulas de italiano. Depois de 2 horas de exame para sabermos em que nível ficavamos, atribuíram-me o nível A2. Fiquei feliz por saber que até sei algumas coisas, pensei que ia ficar no nível A1. O nível A2 é para quem percebe o que lhe dizem mas quando temos de falar começamos a gaguejar, a corar, a rir e a fazer caretas. É bom saber que o meu estudo solitário em Portugal e a ajuda da Ana Margarida resultou em alguma coisa. Quando saio das aulas de italiano sinto-me capaz de dizer qualquer coisa mas passado 10 minutos vejo que é só optimismo.
Na minha residência existem vários seguranças. Há um que sempre que o vejo tento fugir dele, não porque o senhor seja rude comigo ou algo que se pareça mas porque nós não nos conseguimos entender. Eu não percebo o que ele diz e vice-versa. Eu tento falar italiano com ele e ele não percebe. Eu falo inglês e ele responde-me em inglês mas eu não percebo o que ele diz porque tem uma pronúncia muito má. E a conversa acaba sempre com ele a dizer “tu non parli inglese” e a fazer-me um desenho. Da última vez meti conversa com ele, para de certa forma fazermos as pazes e pela primeira vez conseguimo-nos entender. Tenho mesmo de treinar o meu italiano.
Nestes últimos dias muitos estudantes têm caído com as bicicletas. De certa forma é assustador porque muitos deles chegam a ir para o hospital. Já percebi que não corro esse risco porque a minha bicicleta é muito lenta, afinal não é por causa da minha falta de jeito que ela não anda mais rápido mas sim pela falta de esperteza por me ter deixado enganar. O rapaz que me vendeu a bicicleta tinha duas à venda e disse-me que esta bicicleta era melhor para mim. Agora até lhe agradeço por me ter dado esta bicicleta magnífica porque assim mesmo que eu me queira “armar aos cágados”, ela não anda mais rápido.
No próximo domingo visitarei outras cidades italianas e contarei mais novidades.

Ciao e baci!

segunda-feira, outubro 20, 2008

Momentos mágicos e comoventes

Durante estas duas semanas que passaram tive três momentos que marcaram de certa forma a minha visão sobre a vida.

O primeiro foi o concerto que tive com as Bellenden Ker. Estava tão nervosa e os meus pais não percebiam porquê. Talvez fosse esta a primeira vez onde sabia que poderia libertar o meu ser interior num concerto… e o que é certo, é que quando saímos de trás dos cortinados e fomos para o palco tive de libertar a ansiedade que se guardava em mim… no escuro via caras conhecidas e sorria para elas mas a música fez-me transformar e ficar num mundo só meu e das Bellenden Ker. Finalmente consegui libertar-me, sem me preocupar com os pensamentos das pessoas, era só eu, elas e a música. Dancei sem parar. Dei por mim a olhar para a Vânia e ela sorriu, como que estivesse a sentir precisamente o mesmo. No final, os abraços às minhas amigas da banda que partilharam este mesmo espírito comigo e, quando saí de palco, fui recebida com um grande abraço da minha amiga Ana Lu que não me julgou, muito pelo contrário… ainda me lembro de algumas das suas palavras “Solange, estavas linda. Estavas no teu mundo, a tocar.” Foi, sem dúvida, o melhor concerto que eu alguma vez dei. Queria agradecer a todos aqueles que foram assistir e que fizeram parte deste momento tão especial para mim.

O segundo não advém de algo bom. A tia-avó de uma grande amiga minha, da Bene, faleceu. Como eu cheguei a conhecer a senhora em vida e queria dar uma força à minha amiga, decidi ir à missa dedicada à senhora. Quando cheguei lá, a Bene tinha a sua flauta transversal na mão e as irmãs uma guitarra clássica e uma folha. Quando começou a missa senti logo um arrepio no corpo… nunca tinha ouvido estas músicas com guitarra, flauta transversal e a diversas vozes. Reparei que estava um senhor cá atrás a cantar, possivelmente, a parte do tenor. Nunca pensei gostar tanto da música “Senhor, tende piedade de nós, somos o teu povo pecador…”. Estava simplesmente linda a música. Comoveu-me depois ainda mais ouvir as palavras que escreveram sobre a tia. Foi, sem dúvida, uma boa pessoa. O seu nome era Isaura Canto e foi das primeiras pessoas em várias coisas, entre elas, das primeiras mulheres a tirar a carta de condução cá em Portugal, das primeiras pessoas a tirar o curso de Estomatologia. Dedicou parte da sua vida às sobrinhas, ajudando-as bastante na sua educação. Ela adorava dar, sem pedir nada em troca e sem muitas vezes ouvir um obrigado… mas isso não importava. Foi uma boa senhora e as boas pessoas merecem ser recordadas.

O terceiro momento mágico foi quando ontem recebi uma toalha bordada por uma tia-avó minha, a minha tia Maria. Eu olhar para estes presentes penso que para fazer isto é porque realmente gosta-se muito da outra pessoa pois isto são várias horas de dedicação e isso ninguém lhe devolve. É com estes gestos que eu percebo melhor o significado da vida.

Três grandes momentos, mágicos e comoventes…

domingo, outubro 19, 2008

Veneza

Hoje fui a Veneza com mais 3 amigos. Bem, estou sem palavras e sinceramente nem sei bem o que escrever. Escrever sobre Veneza é muito complicado. Por mais que descreva o que vi e por mais que tire centenas de fotografias nunca conseguirei transmitir e mostrar a grandiosidade daquela cidade. Foi complicado escolher uma fotografia para pôr neste post. Nenhuma conseguia mostrar realmente aquilo que vi. Resolvi por uma que nem é das melhores que eu tenho mas gosto dela porque foi um momento que particularmente gostei e mostra como nós nos sentimos pequenos no meio daqueles canais.
Andei de gôndola. Lá consegui regatear com o senhor para baixar o preço e lá baixou um pouco mas fez uma visita muito rápida, gostava que tivesse sido mais tempo. Sem dúvida que esta é a cidade perfeita para se ir com alguém especial. Os italianos conseguem criar um ambiente muito romântico e harmonioso mas também muito dispendioso para quem quer ter momentos inesquecíveis.
Eu sempre quis conhecer Itália, e Veneza era daquelas cidades que desde pequena me despertava curiosidade e nunca pensei um dia vir a conhece-la. Para mim, Itália é um país muito completo. A comida é óptima, as paisagens são muito variadas e deslumbrantes e para quem gosta de arte como eu gosto, Itália é um dos melhores países para visitarmos, principalmente em relação à pintura. Eu adoro pintar a óleo e desenhar a carvão. Não costumo ter muito tempo para o fazer mas quando tenho, dedico-me inteiramente ao quadro e demoro dias a fazê-lo. Para mim, alguns dos maiores mestres viveram em Itália e tenho pena de ainda não ter tido muito tempo para ir ver exposições, por isso tentarei ir novamente a Veneza. Florença é uma das cidades que estou desejosa de conhecer. Desejosa por ver as grandes obras de Michelangelo, realmente ele foi o maior génio do Renascimento. Espero ir brevemente a Florença.
Em relação a Veneza, se tiverem oportunidade venham visita-la e de preferência com alguém especial, de certeza que não se arrependerão.

Ciao e baci!

quarta-feira, outubro 15, 2008

Bicicleta


Nesta semana deu para conhecer todos os meus professores. Uns mais simpáticos do que outros e uns que percebo o que dizem e outros que não percebo nada de nada. O mais engraçado é quando me perguntam se percebi. Eu nem percebo que eles me estão a perguntar se eu percebi e não sei porquê mas acabo por dizer sempre que sim, eu não sei o que perguntam mas eu digo que sim. Já me dei mal por causa disso mas ainda não o suficiente para deixar de o dizer. Quando estou num momento de pressão a minha tendência é para dizer que sim mesmo que não perceba a pergunta. Tenho um professor que não percebo nada do que ele diz. Ainda estou para descobrir a matéria que vou dar àquela disciplina, vai ser uma surpresa para mim no dia do exame. Sinceramente, não estou muito preocupada. Com as aulas de italiano as coisas vão lá e para mais tenho colegas muito simpáticos, oferecem-me os apontamentos e ainda vão comigo comprar os livros. O que posso pedir mais? Para facilitar mais as coisas o meu coordenador de Erasmus em Itália fala português, não me posso queixar. Tenho tido muita sorte. Eu cá não quero chatear nenhum italiano, já ouvi dizer que são umas feras quando fazemos alguma coisa que eles não gostam. Um dia passam-se comigo.
Finalmente tenho uma bicicleta e não comprei uma roubada, o que é muito difícil aqui em Pádua. Mas foi complicado, o rapaz não falava inglês…estava complicado fechar negócio. Sinceramente acho que fui enganada. Não sei se é a minha falta de prática ou a bicicleta não é lá grande coisa, estou a tentar trocá-la por outra mas duvido que consiga. Todos os meus amigos vão a “speedar” e eu lá atrás a tentar dar o mais que posso, devem pensar “Esta portuguesa é sempre a mesma coisa, coitadita!”. Já não andava de bicicleta há muito tempo mas como se costuma dizer, nunca nos esquecemos como se anda de bicicleta. Realmente é verdade, eu não me esqueci, mas foi difícil não ir contra os carros (parados) e ainda continuo com algumas dores em determinadas partes do meu corpo.
Resolvi não deixar nenhuma fotografia da minha bicicleta, não porque seja feia ou muito velha mas porque ainda não tirei nenhuma fotografia. De certa forma tenho uma relação de amor – ódio com ela.


Ciao e baci

domingo, outubro 12, 2008

Verona


A cidade de Romeu e Julieta. Muita gente acredita que esta história realmente existiu. Bem, até pode ter existido uma história semelhante mas não igual à de Shakespeare. Muitas pessoas desejavam ter uma história de amor como a deles, tirando a parte da tragédia. É verdade, realmente é uma história bonita e que nos faz sonhar mas não passa disso.
Neste sábado fui até Verona com o grupo de Erasmus. Realmente valeu a pena ter ido, Verona é uma cidade lindíssima e ainda mais bonita do que Pádua. Sem dúvida que Itália é um país lindíssimo e fiz uma óptima escolha em ter vindo para cá. Visitei alguns dos sítios mais emblemáticos da cidade e como não podia faltar a casa do Romeu e da Julieta. Perto da casa da Julieta há uma parede coberta de bilhetes de amor, pessoas que pedem os seus desejos num papel e depois colam com uma pastilha elástica (sem dúvida muito romântico) como se a Julieta os fosse ajudar. Eu não deixei nenhum bilhete porque nem a Julieta me pode ajudar mas aproveitei e pus a minha mão na mama da Julieta, é verdade. Eu não queria pôr mas alguém me disse que se não pusesse dava azar e lá resolvi por descaradamente a minha mão sem lhe pedir autorização. Ainda pensei, se fosse o Romeu…agora a Julieta? Nada de estátuas do Romeu mas só da bonita Julieta. Achei engraçado terem transformado a casa da suposta Julieta numa loja de aventais. Muito romântico, não haja dúvidas.
Acho que todas as cidades italianas têm algum romantismo, não sei se é devido ao tipo de arquitectura, idade média, gótica que nos faz imaginar se tivéssemos naquele tempo. Acho que naquela altura não devia ser tão romântico, devido às condições de higiene que possuíam.
Se já encontrou a sua cara-metade vá com ela a Itália, não se arrependerá.

Ciao e baci!

segunda-feira, outubro 06, 2008

Ciao Italia!


Já me encontro por terras desconhecidas. Depois de alguns dias na bela e antiga cidade de Pádua já deu para perceber que tenho de comprar urgentemente uma bicicleta porque os meus pés já não aguentam mais. Toda a gente anda de bicicleta e eu não ando porque para ter uma terei de gastar ainda uma boa quantia de dinheiro ou terei de comprar uma bicicleta roubada, que um dia mais tarde poderá ser roubada também.
A cidade de Pádua é muito diferente da cidade de Lisboa, é uma cidade mais pequena e mais antiga. Desde que cá cheguei já tive algumas situações embaraçosas com o meu belo italiano. Confesso que não consigo falar italiano e passo o tempo todo a falar inglês e eu nem sabia que conseguia falar inglês, agora não quero outra coisa. Até Sábado pensava que havia muitos poucos portugueses em Pádua mas afinal ainda somos bastantes. Conheci imensos e deu para falar um pouco português. Eu estou a adorar em praticar o meu inglês, então passo o tempo todo com belgas, polacos e alemães. Normalmente as pessoas têm tendência a andarem sempre com pessoas do mesmo país. Eu acabo por andar sempre com estrangeiros. No sábado houve uma visita guiada por Pádua e mais tarde fomos até ao Prato della Valle, que é um dos sítios mais bonitos de Pádua e fomos beber umas sangrias, uma festa para os estudantes de Erasmus. Passei a noite toda com um grupo de polacas que vivem na minha residência, senti-me o emplastro mas diverti-me imenso e depois acabei por ir jantar uma magnífica pizza com 3 espanhóis, 3 belgas, 2 italianos e 1 alemão. Como vêem eu gosto de conhecer pessoas de diferentes países e acho muito mais interessante.
Desde que cá estou tenho comido mozarella todos os dias. Todos os dias prometo a mim mesma que hoje não comerei mozarella mas é difícil porque quase todos os pratos têm mozarella e mesmo quando não têm eu tenho de a comer, irei comê-la até enjoar e espero que esse dia nunca chegue. Como vivo numa residência tenho de comer sempre fora, então posso dizer que ando a provar todos os pratos italianos, o que me agrada. Eu acordo a pensar em comida e deito-me a pensar nela e quando chegar a Portugal terei mais 10 Kg, com certeza. Ainda bem que eu escolhi Itália para viver. Para quem nunca veio a Pádua, vale muito a pena. As pessoas são simpáticas, a comida é óptima, é uma cidade fria mas agradável e bonita.
É verdade, já me ia esquecendo, até agora não tive muitas aulas na universidade mas serão todas em italiano e até agora gostei dos professores. Daqui a poucos dias começarão as aulas de italiano e perceberei melhor o que me dizem e saberei pedir convenientemente uma pizza.
Tentarei escrever todas as semanas a contar as minhas aventuras como estudante de Erasmus nesta magnífica cidade de Pádua.

Ciao e baci