terça-feira, novembro 25, 2008

O 1º dia


Quando comecei a escrever sobre a minha vida como estudante de Erasmus, deveria ter começado por este post, o meu 1º dia em Itália.
Sem dúvida que a minha chegada a Pádua marcou-me pelo lado positivo e negativo. Acabei por ir no avião com outro rapaz que também ia fazer Erasmus em Pádua e também estudava na mesma faculdade do que eu, o Miguel. Conheci-o dias antes de ir para Pádua e de certa forma tranquilizou-me ir com alguém. Ao chegar a Pádua percebi que os italianos ainda são piores do que os portugueses no que toca a organização, acabámos por não pagar bilhete de autocarro porque a entrada para o autocarro estava mal organizada e lá poupámos uns eurozitos. Tudo me parecia bem até ao momento em que eu tive de seguir sozinha. Ao chegarmos na estação de autocarros o meu parceiro de viagem teve de seguir o seu caminho, e na estação estava uma simpática rapariga que o foi buscar. Como não conhecia os caminhos perguntei-lhe se podia ir a pé para a minha residência ou teria de apanhar o autocarro. Ela, muito simpática disse que era perto. Bem, eu agora percebo que é perto mas sem malas atrás. Quando eu comecei a andar com 20 kg na mão e mais 10 kg às costas eu percebi que este caminho iria ser muito longo mas estava convencida que seria muito perto dali. O que é que eu fui fazer! Eu devia ter apanhado um autocarro. Andei, andei, andei e andei. Nunca mais chegava ao meu destino, perguntava às pessoas e via que estava no caminho certo mas nunca mais chegava. Até que para ajudar à festa começou a chover. Bem, até que resolvi pedir a alguém o número dos táxis. Eu sei, devia ter ido de táxi mas a moça simpática disse-me que era perto, claro que eu acreditei e pensei que não iria demorar tanto. Lá consegui falar meio italiano, português e inglês e houve uma senhora que me ajudou a chamar um táxi, apesar de ela me ter dito que já estava quase na residência…faltavam poucos metros. Mas eu já não aguentava mais e disse que tinha de chamar o táxi. Para ajudar à festa o táxi não apareceu. E lá tomei coragem e fui até à residência, e era verdade, já estava muito perto. Ridículo! Andei dias e dias com dores no corpo. Depois de ter andado com todas as malas atrás de mim, não conseguir falar italiano, basicamente ter feito figura de parva ainda tive de andar de um lado para o outro para conseguir entrar na residência e por pouco iria ficando na rua. Pode-se dizer que o meu pensamento foi “Miúda, tu não te aguentas nem 8 dias aqui”. O 1º dia foi horrível, surgiram-me pensamentos de desespero e de arrependimento. Quando entrei no meu quarto pensei “O que é que foste fazer?”. Confesso que foi um dia muito difícil, aconteceram várias coisas que me deixaram a pensar que não iria ser capaz de me aguentar sozinha mas afinal nessa noite nem tudo correu mal, acabei por conhecer uma polaca que sentia o mesmo que eu e nessa noite acabei por descobrir que até falo inglês.
Desde que cá estou, esse foi o dia mais difícil para mim e foi o único dia que pensei que não seria capaz de passar este tempo todo longe das pessoas que gosto. Mas sem dúvida que me ambientei bem e cada dia que passa, penso que foi das melhores coisas que já fiz e acho que quando tiver de ir para Portugal, terei muitas saudades desta cidade e de ter acabado esta magnífica aventura.

Resolvi pôr uma fotografia do primeiro dia que nevou em Pádua, esta é a vista do meu quarto...foi muito bom acordar com esta paisagem.


Baci e ciao!

quinta-feira, novembro 13, 2008

A vida de um estudante de Erasmus


Quando disse aos meus amigos que ia fazer Erasmus todos me diziam a mesma coisa “Isso é que vai ser passear e ir a festas todos os dias, ei?” e eu dizia “Não é bem assim…que exagero!”. E eu tinha razão, não tenho festas todos os dias, tenho dia sim e dia não. Desde que cá estou só vou a festas de boas vindas, faz um mês que estou aqui e ainda me estão a dar as boas vindas.
Quando vivia em Portugal andava sempre stressada com imensas coisas para fazer e estudar, por vezes nem sabia por onde me virar com tanta coisa. Eu sei que exagero com o número de coisas que faço mas agora sinto que estou de férias e umas férias bem merecidas! Enquanto em Portugal tinha de organizar a minha vida de maneira a conseguir estudar, ir às aulas e ainda ter tempo para estar com as pessoas que gosto, aqui tenho de me preocupar em que dia é que é uma determinada festa, que cidade irei visitar este fim-de-semana, como se diz vassoura em italiano, o que é que vou comer hoje, uma pizza capricciosa ou uma lasagna? Bem, sinto-me uma inútil. Mas na realidade sinto-me muito bem. Não me posso esquecer das aulas na universidade, é a única coisa com que tenho de me preocupar mas comparando com a vida que levava em Portugal, estou de férias!
Reparo que existem 3 tipos de estudantes de Erasmus e classifiquei-os da seguinte forma:

(1) Aqueles que vieram para Pádua só para se divertirem, nada de fazerem uma única cadeira na faculdade.
(2) Outros que não vão às festas porque se têm de se levantar cedo no dia a seguir.
(3) E outros como eu, que querem fazer tudo, divertirem-se e fazerem as cadeiras.

Normalmente, mais tarde os do tipo (3) acabam por se transformarem num tipo (1) ou num tipo (2). Eu espero conseguir manter-me no tipo (3).
A vida de um estudante de Erasmus não é assim tão fácil. Não pensem que é só festas e diversão a toda a hora. Temos de fazer coisas que não estávamos habituados a fazer e não temos a mama e o papa para nos ajudarem em determinadas situações.
Sinceramente, pensei que ia ser mais difícil viver este tipo de experiência mas desde que tenha internet, estou bem.
Sem dúvida que é a melhor experiência que já tive. Se tiverem oportunidade para irem fazer Erasmus, vão!

Ciao e baci!