terça-feira, agosto 25, 2009

Um blues imortal


Já dizia Vergílio Ferreira no livro "Aparição" e muito bem que uma pessoa é imortal enquanto as outras pessoas se lembrarem dela, porque enquanto houver lembranças, poderemos sempre reavivar momentos e pessoas que pertenceram à nossa vida.

Gostava de dedicar este post a um amigo que ficará sempre no coração, o grande Manuel Rodrigues (algumas pessoas o conheciam por Manuel maluco... talvez por não querer deixar de seguir os seus sonhos e, muitas vezes, somos incompreendidos por isso).

Para quem não o conheceu, o Manuel trabalhava como funcionário da câmara mas ele tinha sonhos e um deles era viver da música, a sua grande paixão. Conheci-o num workshop de jazz que se realizou na colectividade onde ando há bastante tempo em Alhandra e, mais tarde, viemos a ser colegas no atelier que abriu lá de jazz no ano lectivo 2007/2008. O Manuel era uma pessoa muito bem disposta e amigo de ajudar o próximo. Gostava de conversar e gostava de motivar as pessoas a não desistirem de seguir os seus sonhos, como eu.

A sua vida deu algumas voltas e teve que fazer uma operação a uma hérnia, o que o impossibilitou de continuar até ao final do ano lectivo no atelier. Ficou um pouco parado na guitarra, sentia grandes dificuldades em andar mas isso não o impediu de ir a um concerto das Bellenden Ker e ficar aquele tempo todo em pé até ao final do concerto... e agora que estava a recomeçar com tudo e pronto para seguir os seus sonhos acontece o que ninguém espera... é injusto! É injusto e fora de tempo! Ele não cumpriu os seus sonhos... cada vez vejo melhor que não pode haver destinos marcados, ele não cumpriu os seus objectivos... o que permanece bem presente na minha cabeça são as memórias da pessoa que ele era.

No dia 2 de Setembro de 2009, as Bellenden Ker vão dar um concerto no Musicbox, por volta das 22h (com os Acid Lizard) e queriamos dedicá-lo a este amigo que, mesmo em sofrimento, não se foi embora sem ver um dos nossos concertos até ao seu final...

Manuel, R.I.P.

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Músicos que não vivem da música

Como se sabe, em Portugal é muito difícil viver d música... há músicos que não querem que um hobbie passe a uma obrigação mas há outros que não pensam assim... como a música é a sua grande paixão, não se importavam nada de viver dela, bem pelo contrário, isso para alguns é um objectivo bem acente que não será esquecido e, por isso, insistem.


A Lusa fez uma notícia sobre isso, onde se pode contar com 3 parágrafos das Bellenden Ker (a banda rock onde toco e, como sou egocêntrica, a imagem que deixo aqui é mesmo das Bellenden Ker). Espero que gostem.


Assunto: peça - músicos e profissões atípicas

http://aeiou.visao.pt/Pages/Lusa.aspx?News=200902019266424

http://ww1.rtp.pt/noticias/?article=385536&visual=26&tema=5

http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/30289cf2ea56129a44531b.html

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Ciao Ciao!


É verdade, já não escrevo há muito tempo no blog…mas eu tenho uma boa justificação. Na realidade as pessoas começaram a achar piada ao meu blog, eu a pensar que ninguém lia isto e afinal até tinha algumas pessoas a ler. O que aconteceu é que sempre que contava alguma coisa por mais insignificante ou mais trágica que fosse sobre a minha vida as pessoas achavam piada e diziam “na tua vida só acontecem coisas engraçadas!”. Atenção a minha vida não é assim tão engraçada mas eu prefiro torna-la assim!
Pronto, pronto…este não é o verdadeiro motivo para que estive tanto tempo sem escrever. Há momentos da nossa vida que não nos apetece fazer nada, já devem ter passado por isso…bem o meu demorou 2 meses, eu sei que foi muito sem fazer nada de jeito mas agora vou atinar porque vêm aí os exames e tenho de estudar.
Nestes dois meses aconteceram muitas coisas, coisas boas e coisas más. Fui viajar por mais cidades italianas e cheguei a ir a Alemanha e à Suíça. Foi pena ter sido uma viagem curta e não deu para ver quase nada.
Um amigo meu italiano convidou-me para ir com amigos ver um espectáculo em Friburgo durante um fim-de-semana. Na realidade não chegámos a ver o espectáculo e tudo por minha causa. Aqui a portuguesa tinha estado doente uns dias antes, nada de grave mas digamos que o meu estômago andava sensível. A viagem corria bem, dormimos uma noite na Suiça e seguimos caminho até Friburgo. Nessa manhã em que partimos para a Alemanha todos tomaram um magnífico capuccino e eu claro também tomei um. Pode não parecer nada de especial mas o capuccino ainda é forte, não andava a comer nada há uns dias…nem vos preciso de dizer mais nada, pois não? Parámos na estação mais próxima e chegámos atrasados ao espectáculo, não o conseguimos ver. Apesar de tentar transparecer que estava bem, não estava e aguentei o fim-de-semana todo assim. Depois desse fim-de-semana nunca mais recebi convites para o que quer que seja. Digamos que adorei a Suíça, é uma paisagem maravilhosa, simplesmente inexplicável, adorei! Também gostei da Alemanha mas os alemães podiam ser um pouco mais simpáticos.
Aqui na minha residência vivo entre polacos, alemães e espanhóis. Há minha frente vive um alemão e ainda ontem pela primeira vez fui-lhe bater à porta para lhe pedir uma informação. Para quem não sabe passei 3 dias com febre dentro do meu cubículo sozinha, só me vinham trazer medicamentos e comida de vez em quando, uma experiência…horrível! Mas como me estava a sentir tão mal e pensava que tinha de ir ao hospital resolvi bater à porta do vizinho mais próximo, para não ter de assustar mais ninguém com a minha imagem, para pedir o número do porteiro caso fosse uma urgência. Claro que me arranjou mas nem se quer perguntou se estava tudo bem, se tinha sido atropelada por uma camião…mas depois de me ter visto ao espelho segundos depois percebi porque é que ele não disse mais nada, eu também ficava sem palavras depois de ter visto tal figura.
Deixo-vos uma imagem da Suíça mais propriamente de Zurich.
Ciao e baci!

terça-feira, novembro 25, 2008

O 1º dia


Quando comecei a escrever sobre a minha vida como estudante de Erasmus, deveria ter começado por este post, o meu 1º dia em Itália.
Sem dúvida que a minha chegada a Pádua marcou-me pelo lado positivo e negativo. Acabei por ir no avião com outro rapaz que também ia fazer Erasmus em Pádua e também estudava na mesma faculdade do que eu, o Miguel. Conheci-o dias antes de ir para Pádua e de certa forma tranquilizou-me ir com alguém. Ao chegar a Pádua percebi que os italianos ainda são piores do que os portugueses no que toca a organização, acabámos por não pagar bilhete de autocarro porque a entrada para o autocarro estava mal organizada e lá poupámos uns eurozitos. Tudo me parecia bem até ao momento em que eu tive de seguir sozinha. Ao chegarmos na estação de autocarros o meu parceiro de viagem teve de seguir o seu caminho, e na estação estava uma simpática rapariga que o foi buscar. Como não conhecia os caminhos perguntei-lhe se podia ir a pé para a minha residência ou teria de apanhar o autocarro. Ela, muito simpática disse que era perto. Bem, eu agora percebo que é perto mas sem malas atrás. Quando eu comecei a andar com 20 kg na mão e mais 10 kg às costas eu percebi que este caminho iria ser muito longo mas estava convencida que seria muito perto dali. O que é que eu fui fazer! Eu devia ter apanhado um autocarro. Andei, andei, andei e andei. Nunca mais chegava ao meu destino, perguntava às pessoas e via que estava no caminho certo mas nunca mais chegava. Até que para ajudar à festa começou a chover. Bem, até que resolvi pedir a alguém o número dos táxis. Eu sei, devia ter ido de táxi mas a moça simpática disse-me que era perto, claro que eu acreditei e pensei que não iria demorar tanto. Lá consegui falar meio italiano, português e inglês e houve uma senhora que me ajudou a chamar um táxi, apesar de ela me ter dito que já estava quase na residência…faltavam poucos metros. Mas eu já não aguentava mais e disse que tinha de chamar o táxi. Para ajudar à festa o táxi não apareceu. E lá tomei coragem e fui até à residência, e era verdade, já estava muito perto. Ridículo! Andei dias e dias com dores no corpo. Depois de ter andado com todas as malas atrás de mim, não conseguir falar italiano, basicamente ter feito figura de parva ainda tive de andar de um lado para o outro para conseguir entrar na residência e por pouco iria ficando na rua. Pode-se dizer que o meu pensamento foi “Miúda, tu não te aguentas nem 8 dias aqui”. O 1º dia foi horrível, surgiram-me pensamentos de desespero e de arrependimento. Quando entrei no meu quarto pensei “O que é que foste fazer?”. Confesso que foi um dia muito difícil, aconteceram várias coisas que me deixaram a pensar que não iria ser capaz de me aguentar sozinha mas afinal nessa noite nem tudo correu mal, acabei por conhecer uma polaca que sentia o mesmo que eu e nessa noite acabei por descobrir que até falo inglês.
Desde que cá estou, esse foi o dia mais difícil para mim e foi o único dia que pensei que não seria capaz de passar este tempo todo longe das pessoas que gosto. Mas sem dúvida que me ambientei bem e cada dia que passa, penso que foi das melhores coisas que já fiz e acho que quando tiver de ir para Portugal, terei muitas saudades desta cidade e de ter acabado esta magnífica aventura.

Resolvi pôr uma fotografia do primeiro dia que nevou em Pádua, esta é a vista do meu quarto...foi muito bom acordar com esta paisagem.


Baci e ciao!

quinta-feira, novembro 13, 2008

A vida de um estudante de Erasmus


Quando disse aos meus amigos que ia fazer Erasmus todos me diziam a mesma coisa “Isso é que vai ser passear e ir a festas todos os dias, ei?” e eu dizia “Não é bem assim…que exagero!”. E eu tinha razão, não tenho festas todos os dias, tenho dia sim e dia não. Desde que cá estou só vou a festas de boas vindas, faz um mês que estou aqui e ainda me estão a dar as boas vindas.
Quando vivia em Portugal andava sempre stressada com imensas coisas para fazer e estudar, por vezes nem sabia por onde me virar com tanta coisa. Eu sei que exagero com o número de coisas que faço mas agora sinto que estou de férias e umas férias bem merecidas! Enquanto em Portugal tinha de organizar a minha vida de maneira a conseguir estudar, ir às aulas e ainda ter tempo para estar com as pessoas que gosto, aqui tenho de me preocupar em que dia é que é uma determinada festa, que cidade irei visitar este fim-de-semana, como se diz vassoura em italiano, o que é que vou comer hoje, uma pizza capricciosa ou uma lasagna? Bem, sinto-me uma inútil. Mas na realidade sinto-me muito bem. Não me posso esquecer das aulas na universidade, é a única coisa com que tenho de me preocupar mas comparando com a vida que levava em Portugal, estou de férias!
Reparo que existem 3 tipos de estudantes de Erasmus e classifiquei-os da seguinte forma:

(1) Aqueles que vieram para Pádua só para se divertirem, nada de fazerem uma única cadeira na faculdade.
(2) Outros que não vão às festas porque se têm de se levantar cedo no dia a seguir.
(3) E outros como eu, que querem fazer tudo, divertirem-se e fazerem as cadeiras.

Normalmente, mais tarde os do tipo (3) acabam por se transformarem num tipo (1) ou num tipo (2). Eu espero conseguir manter-me no tipo (3).
A vida de um estudante de Erasmus não é assim tão fácil. Não pensem que é só festas e diversão a toda a hora. Temos de fazer coisas que não estávamos habituados a fazer e não temos a mama e o papa para nos ajudarem em determinadas situações.
Sinceramente, pensei que ia ser mais difícil viver este tipo de experiência mas desde que tenha internet, estou bem.
Sem dúvida que é a melhor experiência que já tive. Se tiverem oportunidade para irem fazer Erasmus, vão!

Ciao e baci!

sexta-feira, outubro 31, 2008

Cittadella, Marostica e Bassano del Grappa



No passado domingo visitei estas três cidades. São três cidades pequenas mas muito bonitas, consideradas como “pequenas cidades” de Veneto. Através das fotografias pode-se ver que uma das cidades, a Cittadella, tem um forte. O mais engraçado é que tem 4 portas e cada uma delas indica a direcção de Veneza, Bassano del Grappa, Padova e de outra que não me lembro. É sempre bom visitar sítios novos.
Em Pádua os universitários andam revoltados com algumas alterações que estão prestes a acontecer. Tem havido muitas manifestações e os professores é que incentivam os alunos a fazerem e perdem mesmo algum tempo da aula a explicar a situação. Pelo que percebi, querem diminuir o número de professores nas escolas e assim diminuir o financiamento das escolas em geral. Como o meu professor diz, cheguei na altura mais complicada de Itália. Mas já reparei que os italianos não são muito de ficar parados, quando não gostam de alguma coisa, todo o país se move e acho que fazem muito bem. Por isso, nestes dias só se ouve falar disto e há cartazes por todo o lado. Não fui a nenhuma manifestação porque ainda não sei falar bem italiano para andar por lá a gritar qualquer coisa que não percebo o que quer dizer.

Ciao e baci

sexta-feira, outubro 24, 2008

Aulas de italiano


Finalmente começaram as aulas de italiano. Depois de 2 horas de exame para sabermos em que nível ficavamos, atribuíram-me o nível A2. Fiquei feliz por saber que até sei algumas coisas, pensei que ia ficar no nível A1. O nível A2 é para quem percebe o que lhe dizem mas quando temos de falar começamos a gaguejar, a corar, a rir e a fazer caretas. É bom saber que o meu estudo solitário em Portugal e a ajuda da Ana Margarida resultou em alguma coisa. Quando saio das aulas de italiano sinto-me capaz de dizer qualquer coisa mas passado 10 minutos vejo que é só optimismo.
Na minha residência existem vários seguranças. Há um que sempre que o vejo tento fugir dele, não porque o senhor seja rude comigo ou algo que se pareça mas porque nós não nos conseguimos entender. Eu não percebo o que ele diz e vice-versa. Eu tento falar italiano com ele e ele não percebe. Eu falo inglês e ele responde-me em inglês mas eu não percebo o que ele diz porque tem uma pronúncia muito má. E a conversa acaba sempre com ele a dizer “tu non parli inglese” e a fazer-me um desenho. Da última vez meti conversa com ele, para de certa forma fazermos as pazes e pela primeira vez conseguimo-nos entender. Tenho mesmo de treinar o meu italiano.
Nestes últimos dias muitos estudantes têm caído com as bicicletas. De certa forma é assustador porque muitos deles chegam a ir para o hospital. Já percebi que não corro esse risco porque a minha bicicleta é muito lenta, afinal não é por causa da minha falta de jeito que ela não anda mais rápido mas sim pela falta de esperteza por me ter deixado enganar. O rapaz que me vendeu a bicicleta tinha duas à venda e disse-me que esta bicicleta era melhor para mim. Agora até lhe agradeço por me ter dado esta bicicleta magnífica porque assim mesmo que eu me queira “armar aos cágados”, ela não anda mais rápido.
No próximo domingo visitarei outras cidades italianas e contarei mais novidades.

Ciao e baci!